segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Em si, sem sol.

Cansei desse mundão
Vou ficar no meu mundinho
Talvez com a solidão
Eu encontre meu caminho

...e quem muito se achava, perdeu-se em si.

domingo, 16 de novembro de 2014

Parabéns pra você.

Não era seu aniversário.

Na verdade, seu aniversário havia sido a umas duas semanas, mas quem se importa com datas, afinal?

Pois bem, ele, que não teve um aniversário de fato, queria comemorar! Mas comemorar o que? Nem ele sabia ao certo o que comemorar, sequer queria comemorar, mas mesmo assim marcou uma festa surpresa para si!
Comprou uma torta de morango de doze reais para servir de bolo, um maço de cigarros para servir de velas e colocou um vídeo com esquilos computadorizados cantando para servir de música, aproveitou que tinha sobras do whiskey de uma festa do dia das bruxas, que acabou servindo de whiskey mesmo.
Não convidou ninguém, queria convidar apenas a si. Seria um convidado mais que especial. Tentou convidar-se então para o próprio aniversário, para comemorar consigo. Tentou se ligar, porém seu celular estava sem bateria, o que o impediu tanto de ligar quanto receber a ligação. Não estava mais conseguindo ligar para si.
Mesmo assim pegou seu bolo-torta e seu cigarro-vela e foi até seu quarto-quarto. Colocou o vídeo dos esquilos, que estava travando, mas ele não se importava. Apagou a luz, acendeu o cigarro, cantou junto dos esquilos computadorizados que travavam enquanto ele batia palmas em comemoração ao que não sabia, mas queria.
O vídeo acabou enquanto o cigarro estava pela metade, o bolo ficou com um gosto estranho por não combinar muito com o meio cigarro fumado e o whiskey foi engolido com careta.
Frustrou-se por não conseguir ligar para si, tampouco estar em sua companhia. Estava com saudades dele mesmo.
Tragou o que restava da vela, tomou o que restava de whiskey e guardou o que restava de bolo. Fechou a aba dos esquilos, acendeu a luz e viu que nada havia mudado.
Resolveu escrever sobre o acontecido, para ver se um dia ele veria que alguém ainda tentava ligar para ele, pois assim que recarregasse sua bateria, poderia ligar mais para si e assim saberia que pode se surpreender as vezes.

Notas: o bolo-torta tem prazo de validade. O whiskey, não. Caso demore para se recarregar, aproveite ao menos os bons drinks e saiba que estive aqui.

Batman.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Lugar Nenhum - I

O cara vai lá, ou melhor, nem vai pra lugar algum, pois quando acha que foi, repara que estava em lugar nenhum além de para dentro de si mesmo, e que para estar lá não precisa nem ir, nem vir, basta simplesmente permanecer ali, ou acolá, sei lá...e esse simplesmente também não chega a ser tão simples assim, chega a ser até que um bom bocado complexo, difícil, tanto de entrar como sair, nem sempre a porta esta aberta, nem sempre existe uma porta de entrada ou de saída e quando ela surge, e se abre, o cara em questão é puxado para ela como se a mesma fosse um vórtex que não respeita nem leis espaciais nem temporais pelo simples complexo confuso fato dessa porta ser metafisica e não muito respeitosa mesmo, ela parece não respeitar nem mesmo a vontade do cara em questão, o que faz com que, sem ir ou vir, o cara apenas esteja e permaneça lá, até que uma nova porta de saída surja e se abra novamente puxando o mesmo cara para fora do em si que ele havia se tornado e o transporte novamente como que num teletransporte involuntário com uma força tão grande e tão sutil que o cara não sabe sequer que voltou de um lugar que ele sequer chegou a ir de fato, e volta ao mundo físico, sem meta, mais físico ainda sim. O cara volta lá.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Válido por uma semana.

Nota breve sobre o que vai acontecer na t.v. aberta nesta semana:

-Tudo começa com a morte da cantora Amy Winehouse, com suspeita de overdose pelo excesso de drogas que ela usava e mimimi. O que isso muda na mídia?

Todos os fãs de Harry Potter ficam muito tristes, não pela morte da Amy, mas porque todas as noticias, publicações, comentários e colunas sobre a ultima parte da história de Harry fica em segundo plano, isso quando aparecer.

O principal assunto nos três primeiros dias vão ser a morte, a causa, a trajetória, a vida e as homenagens a cantora. Todos vão agir como se ela tivesse sido a melhor pessoa do mundo durante toda sua vida e um exemplo a se seguir pelas próximas gerações. (No caso da Amy ela ainda morreu com 27, então vão rolar até comparações dela com Hendrix e Kurt, por exemplo, e ainda tentarão nivelar todos que morreram com essa idade, como se tivessem talento equivalente.)

Passados os três dias, vão voltar a falar sobre as drogas, os males que elas causam nos usuários, como vive a família de um usuário de drogas, da onde vem as drogas, drogas, drogas...e vão tentar sustentar um pouco a audiência com isso. Como sempre, vão lembrar de coisas como a marcha da maconha (de novo, de novo) e a legalização e, posteriormente, falar da cracolândia (de novo, de novo) e da realidade de quem vive por lá (e que por algum acaso do destino nunca é homenageado quando morre, a não ser por quem mora pelas redondezas e repete em silêncio: graças a Deus menos um!).

Daí já chega o final de semana! Acontece algo 'surpreendente' e 'imperdível' na novela (seja ela qual for) os times escalam seus jogadores para a próxima rodada do brasileirão, as pessoas param um pouco de ver televisão pois querem marcar algo pra fazer ou algum lugar pra ver o jogo e tudo volta a ser como era antes, quem tinha morrido mesmo?

Bem, caro amigo tele-espectador, (acho que é assim pela nova gramática, não tenho certeza) acabo de te poupar de uma semana de noticiários.

Aceito chocolates ou sorvete como agradecimento.

Obrigado.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Jogos infantis e pequenas anedotas.

Pedro sempre quis brincar de resta 1, mas não tinha o bendito tabuleiro com as peças e nem sabia aonde comprar. Ele tinha um grande amigo, Josh, que tinha o tal jogo, mas sempre se esquecia de levar pra escola.

Eis que um belo dia (alias, frase muito típica de começo de parágrafo daqueles que muda o tom da história, eu até tentaria fugir deste clichê mas me vejo com poucas saídas, pois a princípio eu dei uma conotação mais do tipo narrativa infantil e mimimi, daquelas que tem lição de moral no final e tal, e é exatamente o que eu vou fazer, não crie falsas expectativas nem superestime minha capacidade, afinal de contas, pensei neste texto como uma forma mais anedótica de refletir a frustração sofrida em um dia que saí com uns amigos e...engraçado né?...as pessoas que mais costumam fazer mancadas, as com quem mais brigamos e com quem nos vemos nos queixando da vida e das coisas que dão errado são exatamente as mesmas que fazem as mancadas e tudo mais, a diferença é que a gente revesa as pessoas. É, a gente revesa! Pessoas que não tem importância dificilmente são motivo de queixa ou nos abalam, se abalou, é porque é importante. Eu até daria exemplos, mas tá todo mundo cansado de saber disso, mas só repare agora que praticamente todos os seus amigos e familiares já deram um grande vacilo com você, um daqueles bem tensos, e você foi lá e correu pra outro amigo/familiar/peguéte/anyone...e essa mesma pessoa pra quem você correu já te fudeu de uma maneira se não igual, ao menos bem próxima do que a outra que é motivo da queixa...e você não escapa não, meu caro, nem eu. Você sabe muito bem do que estou falando, nem precisa pensar muito pra lembrar de uma parada bem trash que você tenha feito e alguém perdoou...mas enfim, não vou ficar cutucando feridas e vou voltar a anedota bonitinha sobre o Pedro) Pedro começa a conversar com Karen, meio que acidentalmente, pois ambos ficaram de recuperação em geografia, e o garoto fica embasbacado com os encantos da moça. Papo vai, papo vem...ambos tem que voltar as aulas.

No outro dia que teve a tal da recuperação Josh lembrou de levar o jogo, e esperou Pedro na saída da aula, e de cara Josh repara em Karen, mas nem trocam muita conversa, até descobrirem que moram perto um do outro durante as despedidas, e tomam o mesmo rumo, ao contrario de Pedro.

Pedro, Josh e Karen saíram pra tomar um cafézinho na Starbucks com mais um pessoal do colégio (eles eram todos pequenos burgueses) e Pedro levou o jogo...mal sabia que seria extremamente útil. Ao voltar do banheiro, Pedro vê seu amigo e sua paixãozinha platônica se beijando, mas ainda assim vai lá e se senta com eles. Ele reparou que todos os assuntos que ele tentava encaixar eram totalmente ignorados e o resto do pessoal estava tudo em grupinhos da qual ele não fazia parte, até que ele olha o tabuleiro, fica meio na bad e pensa: resta 1.

No dia seguinte Pedro devolveu o tabuleiro pra Josh. Ele nunca mais quis saber de resta 1 durante sua vida.

Pedro cresceu como uma pessoa normal, teve filhos e um dia o filho dele levou um tabuleiro de resta 1 pra casa e não conseguia resolver o jogo, então pediu ajuda a seu pai que sutilmente respondeu:

Quer brincar de resta 1 e ganhar?
É simples!
Basta sair com seu melhor amigo e uma menina atraente.
Nunca falha.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pequena crônica do cotidiano.

31/03
E lá estava Greg como costumeiramente todas as manhãs de segunda feira, sentado nas escadas em frente a um dos prédios da universidade, com seus mesmos amigos de sempre, comendo o lanche vegetariano de sempre, com o mesmo penteado de sempre e fumando o cigarro da mesma marca que sempre comprava, admirando a mesma menina de cabelos vermelhos que todos os dias lhe enchia os olhos de prazer e a boca de saliva, que fazia-o gaguejar toda vez que era citada e tremer toda vez que ela retribuía o olhar, mesmo que de relance, que Greg lhe lançava involuntariamente...menina essa que era a causa da rotina do jovem.

07/04
E lá estava Greg como rotineiramente ficava todas as manhãs de segunda feira, largado nas escadas em frente ao prédio de filosofia, com seus mesmos amigos de sempre, comendo o lanche vegetariano com mostarda de sempre, com o mesmo cabelo desarrumado de sempre e fumando o Carlton que sempre comprava, admirando a mesma menina de cabelos ruivos que todos os dias lhe enchia os olhos de luxuria e a boca de desejo, que fazia-o gaguejar toda vez que era citada e tremer toda vez que ela retribuía o olhar, mesmo que de relance, que Greg lhe lançava incessantemente...menina essa que era a causa da rotina do jovem.

14/04
E lá estava Greg como semanalmente se via as segundas feiras, num canto da escada em frente ao prédio em que Sophia estudava, desta vez apenas bebendo um suco de abacaxi com hortelã, com apenas um de seus amigos costumeiros, com o cabelo arrumado e perfumado, não fumando nenhum cigarro desta vez, até que passa Sophia e seus longos cabelos tingidos e Greg a aborda, deixando de lado seu amigo. Trocam sorrisos, anotam números em seus celulares, despedem-se carinhosamente e cada um toma seu rumo.

21/04
Feriado de Tiradentes.

28/04
E lá estava Greg, diferentemente do que eu costumava ver, pois agora estava sentado num banco em frente ao mesmo prédio, porém não comendo ou bebendo nada, seus amigos continuavam nas escadas, seu cabelo mais curto, no estilinho da moda, e não mais estava fumando, pois ocupava sua boca com os lábios de Sophia, jovem estudante de filosofia com os cabelos avermelhados, muito belos por sinal, e totalmente envolvidos entre os dedos do jovem e sorridente Greg.

30/04
E lá estava Greg, pois havia ficado de recuperação e teve que passar por aquele local rotineiro plena quarta feira...pobre Greg, enquanto comprava seu maço de Carlton e um lanche natural para compensar o de segunda feira que não havia comido, olha para as escadas em frente ao prédio e se depara com Sophia beijando fervorosamente Camilo, fazendo-o ficar gélido, num misto de fúria e decepção, e Greg então me pergunta se isso acontecia com freqüência. Com um aperto no coração disse-lhe que acontecia todas as quartas feiras, e já faziam umas três semanas. O jovem saiu chorando com ódio nos olhos, porém silenciosamente, e nem se lembrou do troco para sua nota de vinte reais. Ali então eu reparei que algo trágico iria acontecer.

(...)

Greg nunca mais comprou meus cigarros nem meu lanche natural.